O Renascimento : Cultura e Ciência
- apogeuvestibulares
- 3 de fev. de 2016
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O Renascimento foi um movimento cultural que marcou a fase de transição dos valores e das tradições medievais para um mundo totalmente novo, em que os códigos cavalheirescos cedem lugar à afetação burguesa, às máscaras sociais desenvolvidas pela burguesia emergente.
Esta importante etapa histórica predominou no Ocidente entre os séculos XV e XVI, principalmente na Itália, centro irradiador desta revolução nas artes, na literatura, na política, na religião, nos aspectos sócio-culturais. Deste pólo cultural o Renascimento se propagou pela Europa, especialmente pela Inglaterra, Alemanha, Países Baixos e com menos ênfase em Portugal e Espanha.
Neste momento crítico de profundas transformações, surgiu o Renascimento, com uma eclosão criativa sem precedentes, inspirada nos antigos valores greco-romanos,
retomados pelos artistas que vivenciaram a decadência de um paradigma e o nascimento de um universo totalmente diferente. Este movimento representou, portanto, uma profunda ruptura com um modo de vida mergulhado nas sombras do fanatismo religioso, para então despertar em uma esfera materialista e antropocêntrica. Agora o centro de tudo se deslocava do Divino para o Humano, daí a vertente renascentistaconhecida como Humanismo.
Contexto Histórico
As conquistas marítimas e o contato mercantil com a Ásia ampliaram o comércio e a diversificação dos produtos de consumo na Europa a partir do século XV. Com o aumento do comércio, principalmente com o Oriente, muitos comerciantes europeus fizeram riquezas e acumularam fortunas. Com isso, eles dispunham de condições financeiras para investir na produção artística de escultores, pintores, músicos, arquitetos, escritores, etc.
Os governantes europeus e o clero passaram a dar proteção e ajuda financeira aos artistas e intelectuais da época. Essa ajuda, conhecida como mecenato, tinha por objetivo fazer com que esses mecenas (governantes e burgueses) se tornassem mais populares entre as populações das regiões onde atuavam. Neste período, era muito comum as famílias nobres encomendarem pinturas (retratos) e esculturas junto aos artistas.
Foi na Península Itálica que o comércio mais se desenvolveu neste período, dando origem a uma grande quantidade de locais de produção artística. Cidades como, por exemplo, Veneza, Florença e Gênova tiveram um expressivo movimento artístico e intelectual. Por este motivo, a Itália passou a ser conhecida como o berço do Renascimento.
Características Principais:
- Valorização da cultura greco-romana. Para os artistas da época renascentista, os gregos e romanos possuíam uma visão completa e humana da natureza, ao contrário dos homens medievais;
- As qualidades mais valorizadas no ser humano passaram a ser a inteligência, o conhecimento e o dom artístico;
- Enquanto na Idade Média a vida do homem devia estar centrada em Deus (teocentrismo), nos séculos XV e XVI o homem passa a ser o principal personagem (antropocentrismo);
- A razão e a natureza passam a ser valorizadas com grande intensidade. O homem renascentista, principalmente os cientistas, passam a utilizar métodos experimentais e de observação da natureza e universo.
Durante os séculos XIV e XV, as cidades italianas como, por exemplo, Gênova, Veneza e Florença, passaram a acumular grandes riquezas provenientes do comércio. Estes ricos comerciantes, conhecidos como mecenas, começaram a investir nas artes, aumentando assim o desenvolvimento artístico e cultural. Por isso, a Itália é conhecida como o berço do Renascentismo. Porém, este movimento cultural não se limitou à Península Itálica. Espalhou-se para outros países europeus como, por exemplo, Inglaterra, Espanha, Portugal, França, Polônia e Países Baixos.
Principais representantes do Renascimento Italiano e suas principais obras:
- Giotto di Bondone (1266-1337) - pintor e arquiteto italiano. Um dos precursores do Renascimento. Obras principais: O Beijo de Judas, A Lamentação e Julgamento Final.
- Fra Angelico (1395 - 1455) - pintor da fase inicial do Renascimento. Pintou iluminuras, altares e afrescos. Obras principais: A coração da virgem, A Anunciação e Adoração dos Magos.
- Michelangelo Buonarroti (1475-1564)- destacou-se em arquitetura, pintura e escultura. Obras principais: Davi, Pietá, Moisés, pinturas da Capela Sistina (Juízo Final é a mais conhecida).
- Rafael Sanzio (1483-1520) - pintou várias madonas (representações da Virgem Maria com o menino Jesus).
- Leonardo da Vinci (1452-1519)- pintor, escultor, cientista, engenheiro, físico, escritor, etc. Obras principais: Mona Lisa, Última Ceia.
- Sandro Botticelli - (1445-1510)- pintor italiano, abordou temas mitológicos e religiosos. Obras principais: O nascimento de Vênus e Primavera.
- Tintoretto - (1518-1594) - importante pintor veneziano da fase final do Renascimento. Obras principais: Paraíso e Última Ceia.
- Veronese - (1528-1588) - nascido em Verona, foi um importante pintor maneirista do Renascimento Italiano. Obras principais: A batalha de Lepanto e São Jerônimo no Deserto.
- Ticiano - (1488-1576) - o mais importante pintor da Escola de Veneza do Renascimento Italiano. Sua grande obra foi O imperador Carlos V em Muhlberg de 1548.
O Renascimento em outras regiões da Europa
- Holanda (Países Baixos): Erasmo de Roterdã foi um dos principais representantes da filosofia e literatura renascentista nos Países Baixos. Humanista e fervoroso crítico social, sua principal obra foi Elogio da loucura. Já no campo das artes plásticas, podemos destacar o pintor holandês Jan Van Eyck, cuja obra principal e mais conhecida é O Casal Arnolfini.
- Espanha: Na literatura podemos destacar o escritor Miguel de Cervantes, autor da conhecida obra Dom Quixote de la Mancha. Nas artes plásticas, destaca-se o pintor El Greco, autor de A Ascensão da Virgem, Adoração dos reis magos,El Expolio, entre outras.
- França: no campo da literatura renascentista francesa, podemos destacar o escritor e padre François Rabelais, autor da série de romances Gargântua e Pantagruel. Outro importante escritor renascentista francês foi o filósofo Montaigne, autor de Ensaios.
- Inglaterra: William Shakespeare foi o grande destaque da literatura inglesa renascentista. Considerado também um dos maiores escritores de todos os tempos, é autor de muitas obras famosas como, por exemplo, Romeu e Julieta, O Mercador de Veneza, O Rei Lear e Macbeth.
Renascimento Científico
Na área científica podemos mencionar a importância dos estudos de astronomia do polonês Nicolau Copérnico. Este defendeu a revolucionária ideia do heliocentrismo (teoria que defendia que o Sol estava no centro do sistema solar). Copérnico também estudou os movimentos das estrelas.
Nesta mesma área, o italiano Galileu Galilei desenvolveu instrumentos ópticos, além de construir telescópios para aprimorar o estudo celeste. Este cientista também defendeu a ideia de que a Terra girava em torno do Sol. Este motivo fez com que Galilei fosse perseguido, preso e condenado pela Inquisição da Igreja Católica, que considerava esta ideia como sendo uma heresia. Galileu teve que desmentir suas ideias para fugir da fogueira.
A invenção da prensa móvel, feita pelo inventor alemão Gutenberg em 1439, revolucionou o sistema de produção de livros no século XV. Com este sistema, que substituiu o método manuscrito, os livros passaram a ser feitos de forma mais rápida e barata. A invenção foi de extrema importância para o aumento da circulação de conhecimentos e ideias no Renascimento.
O homem é a medida de todas as coisas
Talvez a mais marcante característica do Renascimento tenha sido a valorização do ser humano. O humanismo (ou antropocentrismo, como é chamado com freqüência) colocou a pessoa humana no centro das reflexões. Não se trata de opor o homem a Deus e medir forças. Deus continuou soberano diante do ser humano. Tratava-se, na verdade, de valorizar as pessoas em si, encontrar nelas as qualidades e as virtudes negadas pelo pensamento católico medieval.
O ideal de universalidade
Os renascentistas acreditavam que uma pessoa poderia vir a aprender e a saber tudo o que se conhece. Seu ideal de ser humano era, portanto, aquele que conhecia todas as artes e todas as ciências. Leonardo da Vinci foi considerado, por essa razão, o modelo do homem renascentista, pois dominava várias ciências e artes plásticas. Ele conhecia Astronomia, Mecânica, Anatomia, fazia os mais variados experimentos, projetou inúmeras máquinas e deixou um grande número de obras-primas pintadas e esculpidas. Da Vinci foi a pessoa que mais conseguiu se aproximar do ideal de universalidade.

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Questôes:
(VUNESP) Nascido na Itália, o Renascimento — movimento intelectual, científico, artístico e literário — espalhou-se pela Europa, mas de forma desigual. Considere as seguintes afirmações a respeito desse movimento.
I. A arte renascentista tinha como característica principal a exploração dos motivos religiosos, recebendo, dessa maneira, o apoio do clero e dos mecenas.
II. O Renascimento foi um movimento que valorizou o antropocentrismo, o hedonismo, o racionalismo, o individualismo e o naturalismo.
III. No plano político, sua principal conseqüência foi contribuir para o advento do Absolutismo, ao laicizar a sociedade e revalorizar o Direito Romano.
IV. O combate central das idéias renascentistas residiu na defesa das concepções de mundo baseadas no teocentrismo e na escolástica, então emergentes.
V. A Itália acumulou maior quantidade de capital e alcançou desenvolvimento comercial e urbano invejável, gerando excedentes econômicos para se investir em obras de arte.
Está correto apenas o contido em
A) I, II e III.
B) I, IV e V.
C) II, III e IV.
D) II, III e V.
E) III, IV e V.
(UFRS) Relacione as obras renascentistas com os seus autores.
1. Dante Allighieri
2. Rabelais
3. Copérnico
4. Montaigne
5. Erasmo de Rotterdam
( ) Gargântua e Pantagruel
( ) O Elogio da Loucura
( ) Ensaios
( ) A Divina Comédia
( ) As Revoluções dos Orbes Celestes
A seqüência numérica correta, de cima para baixo, na coluna da direita, é
A) 5 - 4 - 3 - 2 - 1
B) 2 - 5 - 4 - 1 - 3
C) 1 - 2 - 3 - 4 - 5
D) 5 - 2 - 1 - 3 - 4
E) 3 - 1 - 2 - 4 - 5
(FGV) Acerca do Renascimento:
I - As características do homem no Renascimento são: racionalismo, individualismo, naturalismo e antropocentrismo, em oposição aos valores medievais baseados no teocentrismo.
II - O Renascimento não foi um processo homogêneo. Seu desenvolvimento foi muito desigual e as manifestações mais expressivas se deram nos campos das artes e das ciências, sendo que no campo artístico, a literatura e as artes plásticas ocupavam lugar de destaque.
III - A arte renascentista tomou-se predominantemente religiosa, retratando a vida de santos, de clérigos e o cotidiano cristão da época.
IV - A Itália foi o centro do Renascimento porque era o centro do pré-capitalísmo e do desenvolvimento comercial e urbano, que gerava os excedentes de capital mercantil para o investimento em obras de arte.
V - A ascensão do clero foi fundamental para que se desenvolvesse nos Estados italianos um poderoso mecenato, plenamente identificado com as concepções terrenas dominantes entre os eclesiásticos.
É correto apenas o afirmado em:
a) I, II, III.
b) I, II, IV.
c) I, II, V.
d) I, III, V.
e) II, IV, V.
Dentre os temas desenvolvidos pela cultura renascentista há um que se mantém presente até hoje - a utopia - despertando atenção, principalmente, em finais de século. Assinale a opção que se refere à ideia de utopia defendida no século XVI.
a) A ideia de utopia como tema central dos manuais de escolástica que se transformou no valor político mais importante da Igreja romana.
b) A ideia de utopia expressa por São Francisco de Assis, nas suas lições sobre a natureza dos homens e dos animais.
c) A ideia de utopia que revelava o caráter de oposição da Igreja ao novo tempo mundano e secular da renascença.
d) A ideia de utopia apresentada por Maquiavel em sua obra, O Príncipe, na qual defendeu o republicanismo.
e) A ideia de utopia exposta por Thomas Morus, na qual criticava os humanistas que reivindicavam a autoridade soberana do Príncipe.
(Gabarito 1- D; 2- B; 3- B; 4- E)
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